MANIFESTO DE FLORIANÓPOLIS SOBRE A COMPETÊNCIA EM INFORMAÇÃO E
AS POPULAÇÕES VULNERÁVEIS E MINORIAS
Nós, bibliotecários e profissionais de áreas afins, acreditamos que a
Competência em Informação é um fator crítico e condicionante ao
desenvolvimento social, cultural e econômico do Brasil na contemporaneidade
e, portanto, merece a atenção primária no que tange à mobilização da Sociedade
Civil organizada e dos Órgãos Governamentais para a sua integração às ações
de democracia e exercício pleno da cidadania.
Consideramos que o país necessita urgentemente reavaliar suas políticas
voltadas às Populações Vulneráveis/Minorias, entendidas como sendo aquelas
que se encontram em situações de discriminação, intolerância e fragilidade
e que estão em desigualdade e desvantagem na sociedade atual,
principalmente, em relação às questões que envolvem o acesso e uso da
informação para a construção de conhecimento, identidade e autonomia a fim
de permitir a sua efetiva inclusão social.
A Competência em Informação deve ser compreendida como um direito
fundamental da pessoa humana, intrínseco ao seu próprio ser, sendo
essencial à sua sobrevivência. É imprescindível criar discussões sobre o
reconhecimento dessas afirmações, colocando a Competência em Informação
nesse contexto, de modo a suscitar reflexões e ações em prol desse direito.
Reconhecendo a nossa cota de responsabilidade para com o futuro da
Nação, em especial, com as populações desprovidas e vulneráveis que se
acham excluídas no nosso contexto em virtude de suas diferenças e
diversidades, ressaltamos que as responsabilidades e as ações a serem
empreendidas para a consecução desses direitos no que tange à informação e
conhecimento, são definidas nas dimensões:
Responsabilidades:
Responsabilidade
dos profissionais
Transformação
e promoção da mudança.
Sensibilização
e conscientização (local e pública) dos pares para a importância da Competência
em Informação.
Inserção do
desenvolvimento da Competência em Informação em sua formação de forma transversal
e institucionalizada.
Avaliação da
qualidade da informação e disseminação em qualquer contexto.
Educação/capacitação
dos usuários para o acesso, avaliação e uso da informação.
Atuação no
combate à contra informação e sensibilização dos governos para a ética no acesso
e disponibilização da informação.
Desenvolvimento
da dimensão política em si e nas comunidades e promoção do equilíbrio da dimensão
técnica com as demais dimensões da Competência em Informação.
Promoção da
diversidade de conteúdos ideológicos visando a propiciar a Competência em Informação
nos cidadãos (análise e crítica).
Monitoramento
das informações públicas.
Posicionamento
perante a legislação da classe e sua inter-relação com a Competência em Informação.
Responsabilidade
do movimento associativo/órgãos representativos de classe
Desenvolvimento
da competência profissional.
Formação de
lideranças com foco na Competência em Informação.
Envolvimento
das associações de classe e especializadas para atuar junto às unidades
de informação.
Divulgação
de boas práticas e articulação com o social.
Fomento do
compartilhamento e do trabalho em rede.
Criação de
repositórios da profissão.
Responsabilidade
das instituições públicas/governamentais
Elaboração e
cumprimento de políticas públicas voltadas à Competência em Informação.
Valorização
do professor, do funcionalismo público e das áreas de educação, saúde e segurança
pública.
Criação de
legislação específica para as bibliotecas e para o acesso e uso da informação
que permitam o desenvolvimento da Competência em Informação.
Criação de
voluntariados de distintas especialidades para informar ao público diverso
em questões atuais e importantes em vários âmbitos: saúde, educação,
política, trabalho, segurança e outros.
Responsabilidade
das instituições privadas
Contribuir
para os ajustes necessários à legislação e às políticas públicas.
Estabelecer
parcerias/alianças a fim de elaborar e aplicar instrumentos voltados às necessidades
de informação das populações vulneráveis e minorias facilitando e
permitindo o desenvolvimento da Competência em Informação.
Ações/Recomendações:
Ações/recomendações
para os profissionais
Executar
ações sociais e assumir papel de educador, criando demandas para a esfera
pública.
Atuar junto
às comunidades (populações vulneráveis e minorias) para produzir
conteúdos informacionais sobre sua história, cultura e meio social. ü Elaborar
produtos e serviços especiais/customizados para atender demandas de
informação das populações vulneráveis e minorias.
Atuar em
parceria com outras áreas como a comunicação e a mídia.
Efetuar
parceria e trabalhar de forma cooperativa com as instituições representativas
das comunidades locais.
Promover
ações para a mudança de políticas institucionais.
Fomentar o
senso crítico com a modificação da lógica dos processos de
educação/capacitação
nas unidades de informação.
Adotar uma
postura pró-ativa e “sair da biblioteca”.
Ações/recomendações
para o movimento associativo/órgãos
representativos
de classe
Atuar
diretamente junto ao poder público (Executivo/Legislativo) visando
estabelecer políticas públicas e atuação fortalecida.
Criar
mecanismos de ação para desenvolver a competência profissional.
Monitorar o
ambiente de informação no contexto nacional.
Criar um
observatório da profissão.
Prover
debates e fóruns públicos.
Prover ação
de intercâmbio/interlocução com os órgãos governamentais.
Ações/recomendações
para as instituições públicas/governamentais
Criar
legislação específica envolvendo a área da informação e que possa atender
às demandas locais, regionais e, em especial as populações vulneráveis e
minorias.
Capacitar
docentes e funcionários públicos para desenvolverem a Competência em Informação
e estarem aptos a atender às necessidades de informação das populações vulneráveis
e minorias.
Ações/recomendações
para as instituições privadas
Apoiar ações
e projetos de unidades de informação que envolvam o desenvolvimento da Competência
em Informação, em especial, no que diz respeito às populações vulneráveis
e minorias.
Dessa forma,
os participantes do II SEMINÁRIO “COMPETÊNCIA EM INFORMACÃO: CENÁRIOS E
TENDÊNCIAS”, realizado no dia 09 de julho de 2013 durante o XXV Congresso
Brasileiro de Biblioteconomia, Documentação e Ciência da Informação –
CBBD/FEBAB manifestam a sua anuência às questões acima elencadas a
respeito da Competência em Informação e reiteram a sua estreita relação
com as necessidades de grupos em desvantagem na sociedade brasileira, por se
tratar de fenômeno culturalmente construído e gerador de capacidade para o
acesso e uso inteligente da informação, propiciando o aprendizado ao longo
da vida e o efetivo exercício da cidadania.
9 de julho de 2013, Florianópolis, SC
Promoção: FEBAB, IBICT, UNB e UNESP
Tema Central: “Competência em Informação e as Populações Vulneráveis: de quem é a
Responsabilidade?”
Parabenizo a todos por mais este avanço.