terça-feira, 30 de março de 2010

Ondas Informacionais e seus reflexos nas Empresas 2.0



À medida que as organizações começam a adotar ferramentas sociais para colaborar, ligando os trabalhadores, capturando o conhecimento e as atividades de inovação, logo se deparam com um fenômeno que não era necessariamente esperado. Com o aumento da participação geral, consequentemente há um aumento da massa informacional disponibilizada nas Intranets empresariais.

É bem verdade que a Intranet é ainda, e lamentavelmente, muitas vezes um lugar estático, em muitas organizações. Mas os que aplicam os princípios da Enterprise 2.0 (empresa social, emergente, participativa, que adota abordagens livres para as atividades de negócios), logo descobrem que o oposto frequentemente acontece: há uma superexposição de informações capturadas e conhecimentos compartilhados que, frequentemente, permanecem nos sistemas muito mais tempo depois que a colaboração ou as atividades ligadas a determinado projeto terminam.

Em outras palavras, nas empresas que levam a sério o compartilhamento de informações e conhecimentos, passa a ocorrer um natural excesso de informações e dados armazenados que, na maior parte das vezes, dificilmente serão reutilizados.

Eu estou chamando este cenário de explosão da informação de primeira "onda" da Empresa 2.0. A maioria das empresas hoje apenas começa a aprender o que é isto, quão grande será e o que significará. Apesar das informações de negócios costumarem estar frequentemente submersas em sistemas proprietários e bancos de dados, a informação gerada pelas atividades sociais (tanto ad hoc quanto intencionalmente projetadas), estão se tornando muito mais visíveis externamente e ao mundo. Este é o conceito de network effects by default, em que qualquer contribuição individual aumenta o conhecimento de toda a organização, ao invés de apenas uma pessoa ou grupo de pessoas.

Mas isto pode deixar as organizações inundadas do que denomino informações expostas ou dados visíveis, mas que não são necessariamente imediatamente utilizáveis. Uma vez que as comunidades se tornam ativas e começam gerar e buscar conhecimento compartilhado, o ato de navegar na intranet ou usando os motores de busca da empresa faz com que muito mais informação seja descoberta. Algumas informações podem ser relevantes no momento, mas a maior parte delas provavelmente não é.

Há um desafio que é semelhante quando tentamos nos manter a par de posts, páginas wiki, fóruns de discussão, e fluxos de atividades sociais de rede, fontes informacionais freqentemente atualizadas. E é por isso que soluções como feeds e leitor de feeds foram inventadas. No espaço empresarial, um dos padrões fundamentais identificados para lidar com isso é algo conhecido como "sinais", que são maneiras de puxar de forma eficiente as novidades na paisagem das informações aos interessados.

Mas está começando a ficar claro que os sinais não são suficientes, especialmente porque os dados da empresa entram na equação. Muitas vezes não leva muito tempo antes que os dados de um negócio importante sejam copiados ou ligados na Empresa 2.0, gerando verdadeiros problemas de gestão. Vemos também que os repositórios de dados em acesso aberto, anteriormente submersos em repositórios de dados, bem como a adição de modelos sociais para aplicações empresariais existentes, contribuem ainda mais para a overdose caótica da informação.

Finalmente, isto levará a uma explosão de informação que as empresas ainda terão de descobrir como lidar. Existe a frase de Clay Shirky's "Não é sobrecarga de informação, é falta de filtro." Esta frase nos aponta o caminho para a curva de maturidade para aqueles que significativamente adotam o modelo da Empresa 2.0.

Assim, eu começo a ver pelo menos três fases principais, ou ondas, nas Empresas 2.0, em relação à riquíssima variedade de informações socialmente compartilhadas, criadas, gerenciadas e consumidas.

Onda 1: Information Explosion (Explosão informacional). Uma vez que os trabalhadores têm a capacidade de colocar informações na intranet, alterá-las, e se envolver na conversa, a quantidade de informação exposta na rede local vai crescer rapidamente. Iniciativas de acesso aberto, especialmente aquelas que são Web orientadas, vão aumentar ainda mais a quantidade de dados acessíveis. No início, este não será um grande problema, mas como toda a organização começa a mudar seus hábitos e se envolver, a quantidade de informação vai subir até que se torne difícil lidar com os meios existentes, tanto no nível de trabalho e quanto no nível de infra-estrutura, como a relevância do motor de busca. Neste ponto da curva de maturidade da Empresa 2.0, a abundância de informação vai representar uma vantagem significativa de negócio que só poderá ser parcialmente realizada.

Onda 2: Informação Filters (Filtros de Informação). A Organização passará a adotar filtros para reduzir a quantidade de informação exposta na rede. Isso não quer dizer que ela será removida ou oculta, mas não vai ser tão visível em coisas como os motores de busca, sistemas de recomendação, ou fluxos de atividade, a menos que seja considerada relevante. A análise de palavra-chave, tags e hashtags, e recomendações sociais são algumas maneiras simples para que os filtros possam ser aplicados hoje, sem complexidade ou software adicional. O próximo passo será o uso de recursos como busca semântica (como o que a Intrix está buscando fornecer).

Onda 3: Information Shadows. (Sombras Informacionais). Embora a filtragem ajude a lidar com o rápido crescimento do volume de informações exposto em intranets empresariais, obtendo uma compreensão mais profunda do que uma empresa sabe realmente, isso exigirá um outro nível de melhoria da nossa capacidade de perceber profundamente e estrategicamente como as teias de informações que se acumulam em ambientes de computação social. Isso faz parte da emergente discussão Squared Web, que é apontar alguns dos caminhos a seguir daqui. Por exemplo, a análise social é parte dessa onda 3 de maturidade, que nos dá uma visão de recurso da inteligência coletiva que se acumula nas organizações que estão ativamente envolvidas em atividades empresariais 2.0.



No final, a inteligência de negócios decorre realmente da informação que as comunidades de trabalhadores, parceiros, clientes e até mesmo os consumidores ajudam a construir. Isso é fundamental para obter o retorno do investimento total da computação social. Felizmente, algumas soluções para este início de modelo Onda 3 estão começando a emergir como a Connotate's Enterprise 2.0 BI ou a IBM's new Smart Analytics Cloud.

Na minha opinião, as organizações provavelmente vão passar por todas estas fases, por compreenderem os benefícios da próxima etapa ou às vezes apenas por pura necessidade. Finalmente, o delta entre a quantidade de conhecimento que você tem exposto e o trabalho necessário para obter o que você precisa, vai determinar a eficiência do consumo neste novo mundo de abundância de informação. Será, portanto, a medida de sua capacidade de acesso ao valor de negócios da empresa 2.0.

Entender o impacto da abundância informacional na sua empresa ou instituição será essencial ao sucesso de seu empreendimento.

Tradução (com adaptações) do Artigo de Dion Hinchcliffe
The Three Waves of Enterprise 2.0: Climbing the Social Computing Maturity Curve. Nov. 2009, por Elisabeth Adriana Dudziak (março 2010).