terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Ecossistemas Informacionais - Novos Paradigmas


Ao longo das últimas décadas, os profissionais da informação têm atuado em distintos ambientes. Particularmente, à frente das bibliotecas universitárias criaram uma identidade própria que, por vezes, chegou a confundir-se com o próprio lugar: a biblioteca.

Hoje, novos arranjos institucionais são desenhados como parte do movimento de hibridação das instituições e mobilidade espacial, institucional, disciplinar e individual, característico da globalização. No que concerne às práticas pedagógicas universitárias,a inovação educativa surge como inequívoco resultado, baseada ora em tecnologias interativas (digitais e virtuais), ora incorporando novos modos de conhecimento e aprendizado: educação pela pesquisa, currículo modular, prospecção e investigação de evidências, aprendizado baseado em problemas, elaboração de portfólios de projetos e o currículo integrado. O objetivo de todas estas práticas pedagógicas é centralizar os processos de aprendizado nos próprios aprendizes.

Da mesma forma que o paradigma de educação ideal se modificou, também se alterou o ideário de biblioteca enquanto organização. Se, historicamente, assumiu o papel de guardiã do conhecimento, detentora de acervos e mesmo de lugar ‘sagrado’, quando da emergência da Sociedade da Informação, passou a conhecer-se como prestadora de serviços informacionais na Sociedade do Conhecimento, agregando à identidade anterior um significado mais abrangente e, da mesma forma que as demais estruturas e instituições sociais, teve que se organizar e racionalizar custos e tempos.

Entretanto, se das constelações de bibliotecas, voltadas à integração de serviços, racionalização de custos e busca da qualidade, o desenvolvimento da organização bibliotecária ganhou impulso considerável, por outro lado, a biblioteca como espaço universitário necessário à educação cedeu seu lugar à Internet e, fundamentalmente, a sistemas de informação como o Google, portais de periódicos e bases de dados. Hoje, como organização de trabalho e sistema encontra-se, em certa medida, ameaçada. Sua sustentabilidade está comprometida, a menos que sejam implementadas mudanças.

Considerando a ubiqüidade da Internet e o desenvolvimento de sistemas interativos que contemplam tecnologia e redes sociais, observa-se a emergência e consolidação da Biblioteca 2.0, ao buscar expressar o conceito de uma organização onde as trocas e atualizações são constantes, presenciais ou não, sociais, comunitárias e tecnológicas, e os utilizadores estão em permanente interação (são co-produtores). É nesse esteio que se desenvolve o conceito de ecossistema bibliotecário.

No século XXI, seguindo a tendência de hibridização das instituições e serviços, novos modelos organizacionais bibliotecários começaram a ganhar destaque. A constituição de biblioteca como terceiro espaço (Library as Third Space)vem ganhando adeptos a cada dia, especialmente quando se organizam bibliotecas de acesso público. Este ‘tipo de biblioteca’ pode ser definida a partir da flexibilização e reunião
de distintos ambientes, atores e fornecedores de serviços, que oportuniza o aprendizado, enriquece a experiência do usuário e sua expressão como cidadão. A constituição bibliotecas universitárias como ‘lugares’ multi-funcionais que enriquecem a experiência vivida, não só demanda espaços diferenciados e inovadores: define novos modelos de atuação. No caso das bibliotecas universitárias, é preciso rever, além do espaço, a concepção de biblioteca como um todo, e sua relação com os outros ‘organismos’ que compõem a paisagem e a ecologia do aprendizado.

Porém, a mudança não é tarefa fácil devido aos modelos mentais consolidados e à dificuldade em alterá-los. É certo também que hoje não é mais possível atuar de modo isolado ou circunscrito a um ambiente, grupo ou local. Tampouco é possível integrar-se apenas aos semelhantes, uma vez que é a diversidade que garante a sobrevivência dos conjuntos orgânicos. Os ecossistemas bibliotecários são, desta forma, uma resposta viável e revigorante.

Almejando a integração de complementaridades que visa à própria sobrevivência e desenvolvimento, os ecossistemas bibliotecários universitários se constituem em centros informacionais acadêmicos que congregam bibliotecários e profissionais distintos; utilizam ambientes presenciais, digitais e virtuais, fornecem serviços de apoio informacional à educação e à pesquisa; funcionam como centros de recursos de aprendizado e experimentação multimídia, devendo assumir como organismo, uma atitude pró-ativa de proposição de mudanças educacionais e científicas.

Leia mais sobre isso no trabalho apresentado ao SNBU 2008. DUDZIAK, Elisabeth Adriana. ECOSSISTEMAS BIBLIOTECÁRIOS: novos paradigmas de biblioteca universitária e sua relação com a inovação educativa em uma sociedade de conhecimento. In: SNBU, 2008. Anais... Disponível em: http://www.sbu.unicamp.br/snbu2008/anais/site/pdfs/2761.pdf