segunda-feira, 14 de maio de 2012

Declaração de Havana - 15 Ações de Competência em Informação

DECLARAÇÃO DE HAVANA
15 ações de COMPETÊNCIA EM INFORMAÇÃO/ ALFIN...

... por um trabalho colaborativo e de criação de redes para o crescimento da competência em informação2
no contexto dos países ibero-americanos

Nos últimos dez anos, em diferentes eventos e contextos, têm sido apresentadas à comunidade internacional, diferentes Declarações sobre a competência em informação ou alfabetização informacional – ALFIN – sobre o desenvolvimento de competências em informação, relacionando-as às demais alfabetizações e competências.

Esta DECLARAÇÃO pretende, retomando aspectos chaves do ponto de vista conceitual, filosófico e propositivo dessas Declarações (Praga, 2003; Alexandria, 2005; Toledo, 2006; Lima; 2009; Paramillo, 2010; Murcia, 2010; Maceió, 2011; Fez, 2011), reafirmar vários compromissos para colocar em andamento ações práticas e concretas a partir da perspectiva do trabalho colaborativo e da criação de redes para o crescimento da competência em informação em nossos contextos, no sentido de criar oportunidade de reunir os diferentes profissionais, bibliotecas, instituições educacionais e organizações pertencentes a diferentes países ibero-americanos, além de conhecer sua visão, lições aprendidas e as perspectivas sobre o tema Competência em Informação/ ALFIN.

Para tanto, propomos e comprometemo-nos a trabalhar de diferentes maneiras e de acordo nossas possibilidades e alcance, por estas 15 AÇÕES:

1. Formar em todas as subcompetências-processos informacionais
Avançar em nossos programas de formação, para que as diferentes atividades e meios de formação (cursos, tutoriais, oficinas, recursos Web etc.) abranjam e trabalhem realmente o desenvolvimento e a aquisição de todas as 5, 6, 7 ou mais subcompetências- processos de informação-formação que implicam na competência em informação, de acordo com o modelo ALFIN em que se integram (identificar, localizar,avaliar,organizar e criar, e/ou utilizar e comunicar, etc.).
2. Considerar tanto o geral como o específico 
Trabalhar para que os diferentes programas de Competência em Informação /ALFIN e as suas ações formativas considerem tanto os aspectos gerais, comuns aos usuários/público a quem se dirige a formação, como as particularidades, de acordo com as condições de idade, gênero, nível educativo, disciplinas, profissões, cultura, língua e acesso ao conhecimento e uso das TIC a fim de que esses programas e ações respeitem os seus ritmos e estilos de aprendizagem e se ajustem às suas necessidades de informação e formação e ao tipo de organização a que pertencem e onde se inserem.
3. Voltar-se para uma formação o mais efetiva possível
Fomentar, até onde for possível, a presença curricular e/ou extracurricular (obrigatória e/ou facultativa da Competência em Informação, da formação em Competência em Informação e que a validação dessas competências seja um requisito, um valor agregado, um diferencial de grande importância nas instituições de ensino de níveis: básico, fundamental, secundário e universitário.
4. Procurar que a formação nestas competências seja para todos
Oferecer, promover e apoiar diferentes opções a fim de que a formação em Competência em Informação
(ALFIN) não seja proporcionada apenas no âmbito da educação formal (curricular e/ou extracurricular:
obrigatória ou facultativa), mas também na educação não formal e contínua (atualização, profissionalização,
formação cidadã etc.) e, desse modo, esteja presente em organizações sociais, governamentais, e empresariais, considerando a importância da Competência em Informação para a inclusão na sociedade
contemporânea e para os processos de capital social, gestão do talento humano, gestão da qualidade, gestão do conhecimento, empreendedorismo, inovação etc.
5. Trabalhar pelo seu reconhecimento como uma formação transversal e fundamental em todos os contextos
Tender, por meio de diferentes ações de comunicação, de socialização e de negociação, para que a
Competência em Informação (ALFIN) seja considerada uma temática estratégica e fundamental, a partir de
planos e projetos (estratégicos, de ação, curriculares etc.), das instituições públicas, de ensino, sociais, culturais e econômicas, permitindo assim o desenvolvimento de ações formadoras com apoio institucional/organizacional que tais programas requerem (capital humano, recursos econômicos, tecnológicos, logísticos e documentais, etc.).
6. Criar espaços para o intercâmbio permanente das aprendizagens adquiridas no desenvolvimento dos programas de formação em diferentes contextos
Coordenar a realização periódica de eventos acadêmicos nos diferentes países, a fim de permitir que facilitem a participação de coordenadores, formadores e líderes de Competência em Informação (ALFIN) em níveis: local, nacional e internacional (ibero-americanos e de outros contextos), com o objetivo de construir um espaço permanente de compartilhamento de experiências, lições aprendidas e criação de contatos para trabalhos comuns entre profissionais, bibliotecas, instituições de ensino e diferentes organizações em cada país ou entre vários países.
7. Apoiar e apoiarmo-nos mutuamente no crescimento e desenvolvimento dos programas de formação
Reconhecer as conquistas alcançadas no desenvolvimento da Competência em Informação (ALFIN) nas próprias bibliotecas, instituições de ensino ou organizações e que, em decorrência, possa existir também a possibilidade de apoiar outras instituições do contexto local e nacional e, inclusive, internacional (especialmente iberoamericanos) que queiram avançar em Competência em Informação (ALFIN), mas, cujos processos no âmbito deste tema ainda sejam muito incipientes. A orientação/formação, as lições aprendidas e o compartilhamento de recursos e objetos de aprendizagem são ações fundamentais para que elas possam progredir mais rapidamente no desenvolvimento e na promoção dos seus próprios programas de Competência em Informação (ALFIN). Por sua vez, estas ações constituem, para as instituições mais avançadas, uma possibilidade de continuar crescendo sob a perspectiva da melhoria contínua, graças à colaboração e à criação de redes.
8. Facilitar e manter o intercâmbio e o apoio mediante a utilização de diferentes recursos Web
Promover a sustentabilidade e a criação de novos recursos Web 1.0, 2.0 ou 3.0 sobre Competência em
Informação (ALFIN) (portais, blogs, wikis, listas de discussão, comunidades virtuais, ferramentas da Web
semântica etc.) em cada país e a partir de bibliotecas de diferentes tipologias, instituições de ensino ou
organizações que promovam a Competência em Informação (ALFIN) nos seus contextos; apoiar e integrar esses recursos, geridos por diversos profissionais ou organizações no contexto ibero-americano, a fim de conhecer mais profundamente o desenvolvimento de cada contexto e da região em geral e, desse modo, propiciar maiores possibilidades de trabalho colaborativo.
9. Possibilitar espaços e momentos de formação/atualização colaborativa e interdisciplinar
Criar espaços de formação presencial, à distância, mista ou virtual, entre os profissionais da informação,
educadores, informáticos, comunicadores, ou outros profissionais vinculados a programas de formação nessas competências, a fim de aperfeiçoar a qualificação que se faz necessária para uma oferta de melhor formador em Competência em Informação(ALFIN), considerando-se as necessidades permanentes de formação em aspectos biblioteconômicos e informacionais, didático-pedagógicos, tecnológicos e informáticos, administrativos e de gestão.
10. Fomentar a importância da formação nestas competências, em diferentes instâncias locais, nacionais e regionais, com base no reconhecimento que recebeu de organizações de prestígio mundial
Prover, a partir das instâncias governamentais, educacionais e biblioteconômicas, o reconhecimento da
Competência em Informação (ALFIN), da formação em Competência em Informação, como um aspecto
fundamental da educação contemporânea, considerando o apoio e o reconhecimento que recebeu de
organismos internacionais e multilaterais tais como: UNESCO, IFLA, OCDE, entre outros.
11. Procurar que a formação nestas competências responda às necessidades concretas de informação, segundo as necessidades sociais de cada contexto
Proporcionar a existência de espaços de formação, a partir de programas de Competência em Informação
(ALFIN), em bibliotecas, instituições de ensino ou outro tipo de organizações que formem nessas competências, tendo em vista aspectos concretos do cotidiano dos cidadãos, a melhoria da sua qualidade de vida ou o exercício do seu direito à informação, tais como: competência em informação... e procura de emprego, empreendedorismo, governo eletrônico, igualdade entre gêneros, comunicação e socialização das pessoas por meios digitais, apoio rural etc.)
12. Desenvolver temáticas de pesquisa de forma permanente e que fomentem o trabalho colaborativo inter e transdisciplinar
Estabelecer temáticas de pesquisa aplicada que apóiem o crescimento, o desenvolvimento e a avaliação da
Competência em Informação (ALFIN) em diferentes contextos, considerando os vários níveis e as formas de ensino que se deseja desenvolver para levar à prática dessa formação, para que se favoreça o trabalho
integrado entre professores e educadores, docentes e pesquisadores, bibliotecários e outros profissionais da
informação, e demais pessoas que possam apoiar esse processo.
13. Realizar e desenvolver trabalhos colaborativos para a obtenção de diagnósticos atualizados sobre o desenvolvimento dessa formação em cada contexto
Fomentar e facilitar o acesso aos recursos documentais, de conteúdos e metodológicos que possibilitem a
realização de diagnósticos e estados da arte no desenvolvimento da Competência em Informação (ALFIN) em contextos institucionais locais, nacionais e/ou internacionais (especialmente ibero-americanos) sobre essa
temática; e que permitam identificar e avaliar níveis de desenvolvimento e linhas de ação para avançar no tema, formas de aprendizagem e de adaptação das experiências de outros contextos e formas trabalho conjunto.
14. Facilitar a formação e a atualização dos profissionais da informação, atuais e futuros, na aquisição das competências necessárias para atuar como líderes adequados de formação
Procurar o estabelecimento e o desenvolvimento de unidades didático-pedagógicas nas universidades, em nível de graduação e pós-graduação, e de cursos de formação contínua, assegurados por associações profissionais ou programas de extensão universitária, que apóiem a formação inicial, especializada e permanente nesse domínio, de futuros bibliotecários, informáticos, educadores e outros profissionais que desempenham um papel importante na promoção da formação em Competência em Informação nos diferentes níveis de ensino e na sociedade em geral, considerando os aspectos biblioteconômicos e informacionais, didático-pedagógicos, tecnológicos e informáticos, administrativos e de gestão necessários à aquisição da competência necessária para atuar como coordenador, formador ou líder em programas de Competência em Informação (ALFIN).
15. Considerar as múltiplas competências, promovendo o trabalho conjunto e integrado de diferentes instâncias
Estabelecer vínculos e relações colaborativas entre organizações, áreas, dependências e demais instâncias, em diferentes contextos, níveis de ensino e âmbitos que atuem com a formação em competências relacionadas direta ou indiretamente com a informação e a sua gestão eficaz, ética e crítica, a fim de procurar espaços e modos de formação cuja tendência seja à integração das diferentes competências e letramentos necessários (múltiplas competências) para interagir adequadamente na sociedade da informação (alfabetização em leitura – escrita + alfabetização funcional + inclusão digital + competência visual + competência midiática + competência científica e/ou Competência em Informação).

A fim de que esta visão sobre a Competência em Informação e os compromissos e propostas que se apresentam de  forma geral nas 15 AÇÕES possam ser praticadas, nós, os ALFINEROS ibero-americanos, comprometemo-nos a procurar a sua plicação9 a curto, médio e longo prazo, a partir do nosso contexto mais próximo, em interação com o local, o nacional e o internacional (contexto ibero-americano e outros contextos), desenvolvendo ações que serão divulgadas periodicamente por vários meios.

Havana, 19 de abril de 2012.

Seminário “ Lições Aprendidas em Programas de Competência em Informação na Ibero-américa”5
4 Termo original, em língua castelhana.
5 Tradução do espanhol para o português (Brasil) por Regina Célia Baptista Belluzzo, 10 maio de 2012. 1 Original disponível em: https://docs.google.com/file/d/0BweUYcipCswRQjhxNnhITGEzOW8/edit?pli=1# Acesso em: 5 maio
2012.